segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Foste, sem dúvida alguma o meu refúgio. Fizeste-me terrivelmente bem, e agora temo que esse meu bem-estar tenha acabado. E como não quero que isso acabe!
Quando a vida me pregava partidas, estavas tu ali. Fizeste-me sorrir, quando por dentro só tinha vontade de chorar. Fizeste-me renascer. Agora temo que vá murchar, que me vá prender novamente à complicada vida e que já não tenha motivos para tentar conseguir. Desejei-te sempre. Amar-te-ei sempre. Tenho saudades tuas.
Na minha face têm escorrido algumas lágrimas de não te ter aqui comigo, já lá vão duas semanas. E ambos somos inocentes, ambos estamos a sofrer por coisas que nos afectam mas que não são acção nossa. Peço-te desculpa.
Para sempre meu amor, A.
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Triste é saber que este sentimento fazia apenas parte de mim e que vivia apenas comigo. Acabou, já chega.

domingo, 28 de novembro de 2010

Tenho escrito para mim.
Tenho feito das letras mais vulgares palavras para me aliviar. Tenho escrito vezes sem conta o que me vai na cabeça de forma a despejar de uma vez o que penso, para poder não pensar mais. Tenho-me enfiado no armário, mordido um dos meus casacos e berrado. Já não choro com sentimento ou expressão, simplesmente caem lágrimas. Chego ao ponto de me perguntar «de onde vêm elas», porque já não sinto nada.
E é nesse momento que pego numa folha de papel, num lápis e começo com os meus rabiscos e letras soltas que me aliviam. Pego, também, no telemovel e ponho a tocar 'The Acrobat' repetidamente, porque a música e a melodia me fazem viajar. E aí viajo, riscando a folha cada vez mais ferozmente, chegando até ao ponto de a rasgar.
Respiro fundo, ponho pausa na música e abro a varanda para espreitar a Lua lá de fora. Sou invadida pela leve brisa gelada da noite e fecho os olhos. Tudo como se fosse uma resposta às minhas palavras soltas que me aliviam. Nesse momento estou tão bem. A minha face torna-se pálida, tenho o nariz vermelho e o meu cabelo voa com a brisa, sinto-me tão livre aí.
Depois o frio já é demais, e então volto de novo para o quarto, e aí a liberdade acaba, e volta tudo ao mesmo. E eu estou farta do «mesmo»

domingo, 14 de novembro de 2010

Balanço

Sento-me no chão frio do canto da sala, de olhos fechados e ouço uma melodia para relaxar.

Abstraio-me do que me rodeia e tento viver no meu pensamento. Penso no mar, nas ondas que vão e vêm. De o pensar sinto a sua fragrância. Inspiro suavemente e interiorizo em mim o cheiro do sal e da espuma do batimento da água na areia. De repente invade-me um calor interior, como se o pôr-do-sol se reflectisse em todo o meu corpo. Nesse momento estou completamente relaxada. Estou sozinha, comigo e com o que mais gosto. O meu pensamento leva-me a um mergulho e a um desabafo instantâneo no mar alto, onde já não tenho pé. Sinto-me tão livre lá, no meu pensamento. Sinto-me leve e fresca, como se nada me conseguisse alcançar e tocar. Ali estou bem, estou quente comigo. E o balançar das ondas é um amigo, e sei que ali ele não me larga, nunca. E há momentos em que me deixa ir mais longe, outros que me prende, e o balançar é meu amigo.

Sentei-me hoje no canto da sala para ir balançar, fechei os olhos, e pus a música a tocar. Contei para mim «1,2,3» e nada. Hoje não consegui chegar ao meu lugar de relaxamento, e fiquei aqui, com a cabeça zangada e incontrolada. Hoje não relaxei, e hoje não estou assim muito bem. E eu sei que só ficarei bem, no dia em que relaxar, mas para isso preciso conseguir lá chegar. Preciso chegar ao meu pensamento, e sonhar com o meu amigo balançar.

sábado, 6 de novembro de 2010

Did you forget about me?

Did you regret ever standing by my side?

Our love is like a song, you can’t forget it at all.

And at last

All the pictures

Have been burned

And all the past

Is just a lesson

That we've learned

I won't forget it

Please don’t forget (…)

Our love is like a song

But you won’t sing along

You’ve forgotten

About, us.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Hoje li-te, li o que de melhor nós tivemos juntas.

Como são lindos esses teu grandes olhos azuis. Como és linda.

És a memória mais feliz que tenho de mim. És grande parte de mim. Tive o melhor de sempre nos teus braços e aprendi contigo a ser feliz com a pouca sorte que tenho. És contagiante, o teu sorriso é contagiante, faz-me sorrir.

Não quero dizer adeus aos momentos mais perfeitos da minha vida, não quero que acabe e não posso crer que não te vou ter aqui bem perto de mim. Fizes-te de mim a garota mais feliz do mundo! Sabes tão bem como eu, que eu sou completa contigo aqui, ou aí, mas sempre ao teu lado. Eu amo-te minha pita, amo-te mesmo!

terça-feira, 20 de julho de 2010

20 de Julho de 2010 ( 22:38 )
Vazios.

Ao som de uma bela melodia, num canto a sós.

‘ (...) vazias, as mãos como os meus dias...’ E têm sido assim os meus dias , vazios.

Perdi a piada, acho. Como flor no escuro, encolhi-me e não consigo desabrochar. Sinto falta desse sentimento de renascer. Quero renascer.

O relógio continua com as suas pegadas sussessivas (tictac tictac) e eu sinto-me parada no tempo. Os ponteiros não param, eu sei. A vida continua a passar, e eu sei que estou a desperdiçá-la, eu sei.

O comboio descarrilou, foi tudo tão rápido. Foi tudo tão forte. Foi tudo tão doloroso, é ainda. Comprei o próximo ticket para o comboio de retorno. Vou dar meia-volta e encontrar-me a mim quando estava lá, e empurrar-me com força, dando-me a mim mesma força para continuar.

Fernado Pessoa, o GRANDE poeta diz num dos seus poemas, o meu favorito:

‘ A criança que fui chora na estrada,

Deixa-a ali quando vim ver quem sou;

Mas hoje, vendo que o que sou é nada,

Quero ir buscar quem fui onde ficou.

Ah, como hei-de encontrá-la? Quem errou

A vinda tem regressão errada.

Já não sei de onde vim nem onde estou.

De o não saber minha alma está parada.

Se ao menos atingir neste lugar,

Um alto monte, de onde possa enfim

O que esqueci, olhando-o, relembrar,

Na ausência, ao menos, saberei de mim,

E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar

Em mim um pouco de quando era assim.’

Talvez seja isto. Talvez seja isto o que sinto. É impossivel a descrição do que sinto. Estou perdida.

A vida é um labirinto, sonhei em encontrar o meu rumo, pensei até que o tinha encontrado. Desviei-me da rota certa. Estou novamento no cruzamento das três saídas, qual delas?

Na minha face escorre suor. Escorrem até lágrimas. O cansaço é brutal. Estou desgastada. Doi-me o corpo. Tenho os olhos raiados, pequenos, e de baixo deles duas covas bem fundas, negras. Estou caída no chão, sentada sob os meus próprios joelhos, com a cabeça baixa. Estou realmente cansada. É tarde.

Vou dormir.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

16 de Julho de 2010 ( 17:45 )

Será que ainda me resta tempo contigo,
ou já te levam balas de um qualquer inimigo.
Será que soube dar-te tudo o que querias,
ou deixei-me morrer lento, no lento morrer dos dias.
Será que fiz tudo que podia fazer,
ou fui mais um cobarde, não quis ver sofrer.
Será que lá longe ainda o céu é azul,
ou já o negro cinzento confunde Norte com Sul.
Será que a tua pele ainda é macia,
ou é a mão que me treme, sem ardor nem magia.
será que ainda te posso valer,
ou já a noite descobre a dor que encobre o prazer.
Será que é de febre este fogo,
este grito cruel que da lebre faz lobo.
Será que amanhã ainda existe para ti,
ou ao ver-te nos olhos te beijei e morri.
Será que lá fora os carros passam ainda,
ou as estrelas caíram e qualquer sorte é bem-vinda.
Será que a cidade ainda está como dantes
ou cantam fantasmas e bailam gigantes.
Será que o sol se põe do lado do mar,
ou a luz que me agarra é sombra de luar.
Será que as casas cantam e as pedras do chão,
ou calou-se a montanha, rendeu-se o vulcão.

Será que sabes que hoje é Domingo,
ou os dias não passam, são anjos caindo.
Será que me consegues ouvir
ou é tempo que pedes quando tentas sorrir.
Será que sabes que te trago na voz,
que o teu mundo é o meu mundo e foi feito por nós.
Será que te lembras da cor do olhar
quando juntos a noite não quer acabar.
Será que sentes esta mão que te agarra
que te prende com a força do mar contra a barra.
Será que consegues ouvir-me dizer
que te amo tanto quanto noutro dia qualquer.

Eu sei que tu estarás sempre por mim
Não há noite sem dia, nem dia sem fim.
Eu sei que me queres, e me amas também
me desejas agora como nunca ninguém.
Não partas então, não me deixes sozinho
Vou beijar o teu chão e chorar o caminho.
Será,
Será,
Será!

Pedro Abrunhosa .